"um livro inteiro para valéria"
tu és
minha musa
formada de fogos, aguas doces e letras,
és a musa dos fortes braços, a lenhadora da
floresta a “amazona
guardiã da fogueira”
a cabocla
espanta
-egun,
cospes fogo
nas encruzas das cidades, protetora
das bacantes
possuídas por
lobos e cambaleios
em noites de
lua
cheia
miro tu Tigre
y siento la nostalgia
de no conocerte bien
olho teu Delta
e sinto a saudade
do que te desconheci
lesbianismo
também é escrever à
musa inspiradora
se soubesses o quão lésbica é a minha escrita…
ah, sim, tem as musas inspiradoras, por supuesto.
oh, encarnação de Demétria
lésbica torta tríbade sapatão
marimacho dyke bollera fancha:
tu não és minha musa inspiradora,
pois não moves tão somente os beiços
e os dedos que escrevem o teu delicioso nome;
moves
junto
rios
e
montanhas
- voce é a minha musa mitológica, valéria
“dragona, si supieras…”
que já faz uma semana,
uma semana
que estivestes na minha cama
hablando com meus santos
jugando com minha gata
mordendome las tetas
mirando para o teto
um número cabalístico de dias
de sóis primaverís y lunas llenas
que nos aleja en cuerpo y cuento
que tostam a tua pele
de delta
de tigre
sete dias
que metamorfosearam
as mariposas da minha barriga
(e isso na minha terra quase
ninguém vai entender) que por sorte aceleram os processos de aniquilação das essências e naturalezas molecularmente fabricadas
supostamente individuais
supostamente subjetivas
supostamente minhas,
ponele.
"kumbia argentina"
uma semana que
a coqueta caveira de
negro terminava de ceifar
os velhos tempos
com a mortal ajuda da tua simples,
inesperada e alegre aparição
que adoçou o veneno das águas paradas
e desestancou as represas
e inundou as terras estéreis
e foi uma correnteza platina
que desembocou os cadáveres
- outrora comida parada
de caranguejos enlamaçados -
nos abismos marinhos,
e agora
que sé yo, nena…
muitas águas
e cabeças
rolarão.
que te molhes
e te refresques!
(saravá!)
eu, agora, eu sou outra criança hiperativa
com a temperatura interna a 37˚C, talvez,
que não pode parar quieta de tanto fogo
que me esculpistes.
“fostes o que tinha de ser” e ojala o mês não passe fugaz para que seas un poco más. (“valeria, si supieras…”
que toda la vuelta esa fue simplemente porque
ya hace una semana, una semana
“que sólo duermo
para verte”,
posta)
dragona,
te fuiste!
vos
s.o.s.
mi peor
ilusión
mi peor enemigo
un heterosexual
cualquiera; adios.
(y ya que te fuiste
vete a la re contra
concha de…!)
"evitas: no llores por mi, argentina"
agora sim entendo que a sua vinda avassaladora
era mais um aviso que uma vinda.
uma mensagem d’outras águas que não as tuas
(pois nestas nem tempo tive, nem terei de me molhar).
coisa de karmas que
aparecem e se parecem e se a-
traem
de súbito,
só pra gente aprender
e concluir que no quesito da pior invenção da terra dos Homens
que é o Amor,
todo mundo
se fode.
eu não a escutei quando tocou,
mas agora sim eu entendo a Sua Kumbia.
"valeria"
"che, que te puedo decir?
(a parte de que no
haya nada para
decircelo)
há 168 horas atrás
um show de cumbia
e o teu sotaque que
por sutilezas idiomáticas
não sei muito bem a que
corresponde mas que me en-canta
toda e a tua voz curiosa por outros
aires que não exatamente los buenos, pelas
estrangeiras de passagem as que jamais viverão
em casas que construístes com teus grossos punhos
de carpintaria, nem experimentarão teu dia-a-dia fluvial,
nem tua noite-a-noite zarpada e não morrerão de saudades
tuas mientras estés por ahí afuera e não queimarão contigo
a querosene e o álcool da tua boca, escupe-fuegos,
e não evoluirão contigo a conchas pegadas
e com quem não terás desilusões
e por quem não irás chorar.
veraneadas,
nomás.
"desborde
(o talisman brazuka)"
que se desbordó el río? que ya lo intuía? que lo sentí desde mi panza? que no hiciste caso
de lejos y de adentro miro la tormenta
de lejos y adentro siento sus vientos
acercandose en barravento puteados con los caminos que fuerzan para encontrarse como dos masas de (buenos) aires (cálido y gelido)
que se chocan para generar
ciclones extra-
tropicales.
no le gustaron y se nos alejaron y que
no va a pasar nada, posta, cuando
simplemente no hay
que pasar (acerca-
miento)?
a mis santerías? que me desbordé yo cuándo tomé el avión
y crucé los cielos los sueños el tiempo el equilibrio La plata
la tan difícil estabilidad ele-mental, una frontera
y un país muy cercanos,para irme de Rio a río,
pero que tu a delta sudestado y a la tempestad
(que son mis madres)
no me moví ni te moviste:
todxs se ponen paradxs
ante los ciclones,
porque ya
bastan
ellos
para
mo-
ver-
nos.
vale, más que nunca, siento los ciclones por adentro y no puedo hacerme cargo
de sus contradicciones
de sus desencuentros
de lo cuan amargo
pueden serlo
(y cómo
lo sé,
eh!)
solo te puedo decir que mires hacia el río post-desborde y veas, con el sol que dejé cuándo me fui de ahí, que las cosas mágicas son.
ese es el gran talismán
de luz que me pediste:
te (lo) dejo, nomás."